ORGULHINHO DE MÃE #1


Isadora não para de falar NUNCA! É uma tagarela de plantão.
Durante o almoço ela começou:

– A hora do lanche é a hora mais esperada do dia.
E eu que {ainda} estou acostumada com uma filha que dava trabalho pra comer respondo:
– Essa é a menina que não gostava de comer
– Quem manda você preparar lanches deliciosos?

E meu coração se encheu de amor. E não foi pelo elogio ao lanche. Foi porque desde que Isadora saiu da amamentação exclusiva que dá trabalho pra comer.
Só aceitava o que conhecia. Só se alimentava bem com fruta, suco e leite (minha salvação, pelo menos as escolhas eram saudáveis). Nunca gostou de almoço, comia porque tinha que comer (quando comia). Não experimentava nada novo (até uns 4 anos nunca tinha experimentado sorvete, por exemplo).
Comer era uma mera obrigação, assim como tomar banho e arrumar o quarto.

O coração encheu de amor por perceber que 10 anos depois as coisas estão melhores!
E esse mérito é todo nosso! E não tô me gabando enquanto mãe, fiz muita merda no meio do caminho: deixei sem comer, gritei, bati (sim, já dei umas palmadas nela, não me julguem. Foi errado, mas eu fiz), fiz chantagem e mais um monte de coisas que só atrapalham o processo. Mas não desistimos, não cedemos à imposição dela em não aceitar alimentos novos. Pra mim, a nossa persistência foi o ponto chave. Estávamos em busca de soluções o tempo todo!
Até o momento que eu percebi que não adiantava eu ficar frisando: Isadora não come, Isadora dá trabalho pra comer e por aí vai. Não adiantava eu entrar nesse jogo.
Comecei a tornar a comida algo prazeroso, E o experimentar algo recompensador onde ela tinha a oportunidade de conhecer algo novo e dizer se gostava ou não. Já contei aqui que levá-la pra cozinha e deixar que me ajudasse a cozinhar e preparasse coisinhas, além de ser divertido ajudou muito. Inventamos um jogo das experimentações, onde ela experimentava algo novo e tinha que descobrir se gostava ou não e porque. Qual era a textura, o sabor a sensação de comer aquilo, tudo isso enquanto a gente cozinhava. Inventava misturas (de suco por exemplo) onde não dava pra identificar visualmente quais os ingredientes e aí ela tinha que sentir o sabor pra descobrir o que tinha dentro. Claro que não podia começar com algo desconhecido, sempre fazia os primeiros com algo que ela gostasse e aos poucos ia inserindo coisas novas. Foi assim que ela descobriu que não gostava de cenoura cozinha, mas AMA crua.
Ela começou a entender que experimentar é bom e começou a criar uma relação diferente com a comida.
Ela ainda tem suas restrições e ainda coloca na cabeça que não gosta de determinadas coisas, mas já se permite quebrar essa barreira.

E você pode se perguntar, mas se ela tinha uma alimentação saudável e comia fruta, porque tanta preocupação?
Porque eu não queria uma filha “fresca”, não queria que ela “sofresse” e aprendesse “com a vida” diante de uma necessidade. Eu já passei fome e sei o quanto ser “enjoada” pra comer pode dificultar a vida. E eu não queria isso pra ela. Não era uma preocupação nutricional. Era mais de formação do indivíduo Isadora.

E o que me deixa ainda mais orgulhosa e feliz é que os lanches dela não são os lanches “mais desejados” pelas crianças, não são as “porcarias” industrializadas que vemos por aí.
Hoje ela foi feliz da vida porque o lanche era suco (da fruta) + torrada e patê (queijo + azeitona + iogurte natural + temperos), ontem ela levou iogurte natural + com kiwi e maça, adoçado com mel.
Ela aprendeu a comer bem e se orgulha disso, e identifica o que é saudável ou não.
Me contou que na escola muitas colegas lancham todo dia refri e salgadinho e sabe que isso não é legal.
Veio me dizer que não achou “tão saudável assim” o lanche saudável que a escola propõe, porque tinha club social integral no cardápio mensal.
E ela é uma criança de 10 anos, que “deveria” (deveria nada) estar triste porque tem que levar fruta enquanto as colegas tomam refri, mas se sente orgulhosa porque sabe (e gosta) dos benefícios de uma alimentação saudável.
E no fim disso tudo, todos nós saímos ganhando porque pra chegar onde chegamos, nós, como pais, tivemos que mudar nossos hábitos também.

Fez meu dia feliz, fez sim!
*Fotos do instagram, segue por lá também: @evinhac
**Claro que ela leva o lanche com coisinhas personalizada da La Pomme!
esse post foi publicado originalmente no antigo blog: as peripécias de eva agora ele compõe o acervo/arquivo de evinha c!

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